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Análise do Pico de Fluxo Expiratório em Diferentes Técnicas de Compressão Torácica Passiva em Homens Saudáveis

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Análise do Pico de Fluxo Expiratório em Diferentes Técnicas de Compressão Torácica Passiva em Homens Saudáveis

 Analysis of peak expiratory flow in different techniques of passive chest compression in healthy men

Douglas Severo da Glória1

Rachel de Faria Abreu, M.Sc2

Ignez Correia de Araújo de Andrade³

Braz Perpétuo de Lima, M.Sc4

1 Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira .

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 2 Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Cardio - Respiratória, Mestre em Fisioterapia Cardio - Respiratória, Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira, Fisioterapeuta do Hospital Cardiológico Procordis

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 ³ Especialização em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal IFF/ FIOCRUZ / Pós - Graduação Latu sensu/ Especialização em Fisioterapia Neuropediátrica Universidade Estácio de Sá/ 1º Tenente do Exército Brasileiro. Email:Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

4 Mestre em Terapia Intensiva / Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva.

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Fonte de financiamento:não houve

N° de páginas: 11

N° de Tabelas e figuras: 2 tabelas

 

Resumo

Introdução:A Fisioterapia Respiratória atua em doenças pulmonares hipersecretivas, baseada na suposição de que é capaz de promover a clearance do muco da via aérea em função do aumento no mecanismo de transporte. 9

Objetivos: analisar os efeitos das manobras de compressão torácica passiva sobre o pico de fluxo expiratório em homens saudáveis.

Materiais e Métodos: A amostra foi constituída de indivíduos saudáveis, do sexo masculino a partir dos seguintes critérios: adultos (com idade entre 20 e 30 anos); e que não apresentaram doenças respiratórias com IMC normal e que concordou em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido.

Resultados: A análise dos dados coletados demonstrou que as diferentes manobras de compressão torácica passiva em homens saudáveis não foram significativas, comparado a taxa de normalidade do volume médio de ar expelido em uma tosse.

Conclusão: Propõe-se a realização de novos estudos acerca das manobras de compressão torácica em indivíduos sadios a fim de se investigar o seu efeito como terapia de higiene brônquica e na obtenção de valores de fluxo de ar expelido nas técnicas comparando aos valores normais de tosse.

Palavras chaves: Manobra de Compressão torácica; Tosse e Fisioterapia Respiratória

Abstract:

 Hypersecretive: The Respiratory Therapy acts in hipersecretivas lung diseases, based on the assumption that it is capable of promoting mucus clearance of the airway due to the increase in the transport mechanism. 9

Objectives: to analyze the effects of passive chest compression maneuvers on peak expiratory flow in healthy men.

Materials and Methods: The sample was composed by healthy individuals, male from the following criteria: adults (age between 20 and 30 years); and doesn’t exhibit respiratory diseases, normal BMI and who agreed to sign the consent form and clear.

Colected Data: The analisys’ data colecteds evidenced that the diferents passive chest compression techniques in healthy men weren’t significant compared to the normal rate average’s volume air expelled in a cough.

Conclusion: It’s proposed new studies about the chest compression technique in healthy individuals in order to investigate its effect as bronchial hygiene therapy and getting the techniques expelled air flow values in comparing to normal values’ cough.

Keywords:  chest compression maneuvers; Cough and Respiratory Therapy

Introdução

Os pulmões são dotados de grande interfa­ce que interage com o meio externo e, por isso estão sob constante agressão. Para se ter uma idéia do grau de exposição a agentes nocivos, basta supor a superfície alveolar sendo proporcional à área de uma quadra de tênis (70 a 80m2), o que, por um lado, facilita a difusão dos gases, porém, por outro, faz com que este órgão seja particularmente susceptível à infecção. Já o volume de ar respirado em 24 horas é próximo àquele que encheria uma piscina média (10 a 15m3), sendo que quantidade equivalente de sangue também transita pelos capilares pulmonares durante esse período. ¹

Nos indivíduos normais, a árvore brônquica abaixo da carina é isenta de ger­mes, o mesmo não acontecendo nas vias aéreas superiores, onde, habitualmente, vivem micro-organismos saprófitas e pato­gênicos. Tais condições exigem que os me­canismos de defesa do aparelho respirató­rio estejam vigilantes. A estrutura das vias aéreas e sua segmentação progressiva, a filtração aero­dinâmica e o transporte mucociliar com­põem os principais mecanismos de defesa mecânicos. O mecanismo mecânico de defe­sa do aparelho respiratório, inicia-se nas narinas que impedem, através dos cílios e do turbilhonamento aéreo, a passagem de micro-organismos, seguidos do fechamento da glote. Quando essa ati­tude defensiva mais imediata do aparelho respiratório não é capaz de deter o agente infeccioso, tornam-se importantes outros meios, o transporte mucociliar e a tosse. ²

A tosse é um reflexo protetor e é de característica mais comum dos distúrbios respiratórios. Há uma breve inspiração, seguida do fechamento da glote, com contração dos músculos expiratórios e resultando em uma elevação das pressões intra-abdominal e intratorácica. Isso força a abertura da epiglote e que gera um fluxo rápido de ar expirado que será produzido, em geral carregado de catarro e partículas estranhas. A tosse pode ser seca ou produtiva e o caráter varia de acordo com o distúrbio ou doença. 3,4

O acumulo de secreção pulmonar pode provocar aumento da resistência das vias aéreas, obstrução parcial ou total das mesmas com, consequente, hipoventilação alveolar e desenvolvimento de atelectasias, hipoxemia e aumento do trabalho respiratório. Além disso, a presença de estase de secreção e atelectasias constituem um meio favorável para desenvolvimento de colonização bacteriana e infecção do parênquima pulmonar. 5,6,7.

Terapias de higiene brônquica em casos de hipersecreção já são utilizadas há muitas décadas, com algumas técnicas denominadas convencionais e outras novas. Todas objetivam prevenir ou reduzir as consequências mecânicas da obstrução, como hiperinsuflação. 8

A Fisioterapia Respiratória atua em doenças pulmonares hipersecretivas, baseada na suposição de que é capaz de promover a clearance do muco da via aérea em função do aumento no mecanismo de transporte. Uma hipótese levantada como causa desse aumento seria a alteração na propriedade viscoelástica do muco propiciada pelas técnicas de higiene brônquica. 9

Dentre as manobras de higiene brônquica, destaca-se o aumento de fluxo expiratório (AFE) ou compressão brusca do tórax, e ainda, Temp brusco, definido como o aumento ativo, ativo-assistido ou passivo do volume expirado, em velocidade ou quantidade que potencialize a fisiologia pulmonar normal através de variações de fluxos aéreos. 10,11

A Compressão brusca do tórax pode ser descrita como compressão vigorosa do tórax, no início da expiração espontânea, a fim de obter um aumento do fluxo expiratório. A compressão brusca do tórax deve ser realizada em pacientes com ausência ou diminuição do reflexo de tosse e em pacientes com dificuldade de mobilizar secreção. 1314,15

A compressão brusca é descrita com frequência no tratamento de pacientes com lesão medular ou que apresentem algum tipo de fraqueza muscular. Em um estudo controlado, no qual se comparou a aspiração endotraqueal com e sem a associação da compressão brusca do tórax (por 5 min), eviden­ciou-se que, no grupo da compressão brusca do tórax, a quantidade de secreção aspirada foi maior do que no grupo que recebeu apenas aspiração endotraqueal. 13

Tem como objetivo analisar os efeitos das manobras de compressão torácica passiva sobre o pico de fluxo expiratório em homens saudáveis. Além de confirmar ou negar a hipótese de que as técnicas de compressão brusca do tórax aumentam o pico de fluxo expiratório em valores necessários para movimentar o muco brônquico em vias aéreas centrais.

 2- Materiais e Métodos

A amostra foi constituída de indivíduos saudáveis, do sexo masculino a partir dos seguintes critérios: adultos (com idade entre 20 e 30 anos); e que não apresentaram doenças respiratórias com IMC normal e que concordou em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. E critérios de exclusão: patologias pulmonares diagnosticadas, tabagismo e atletas.

Foi utilizado neste estudo o dispositivo PEAK FLOW METER da marca ASSESS com faixa de medida de 60-800 L/min, para medida do pico de fluxo expiratório.

Os indivíduos foram posicionados em uma maca em decúbito dorsal (DD) a 45°, o peak flow foi ajustado na boca e foi solicitado que este inspirasse profundamente e ao final da inspiração foi realizado uma compressão brusca do tórax. Para cada um desses indivíduos foi realizado quatro técnicas de compressão brusca torácica que foram sorteadas quanto à ordem de sua execução, sendo estas técnicas: compressão torácica superior, compressão torácica em últimas costelas, compressão torácica na região epigástrica e compressão torácica combinada (região torácica e abdominal), estas foram aplicadas com intervalo de dez minutos entre cada uma das técnicas.

Foi solicitado aos indivíduos que inspirassem profundamente e ao final da inspiração foi realizada uma compressão brusca do tórax na região correspondente da técnica. Logo após foi analisado o pico de fluxo expiratório de cada indivíduo. Cada técnica foi realizada três vezes em cada indivíduo, sendo considerado o pico de fluxo de maior valor.

 3-Resultados

A Tabela I representa a amostra quanto à análise dos valores obtidos com as técnicas de Compressão Torácica. Através de uma média aritmética realizada com cada valor obtido, encontrou-se um maior valor na técnica Combinada, seguida da Epigástrica, Tórax Superior e Últimas Costelas.

Tabela I: Análise dos valores obtidos com as técnicas de Compressão Torácica

Indivíduo

Tórax Superior

Últimas Costelas

 Epigástrica            

Combinada

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Média Aritmética

250

240

240

250

230

250

350

230

220

260

252

300

190

200

200

210

170

220

180

210

190

207

320

200

270

230

270

280

210

240

250

260

253

350

300

350

300

280

350

370

310

320

300

323

 

4-Discussão

Gomes, Dutra e Ferreira dizem que no pulmão normal, secreções protegem as vias aéreas de irritantes inalados, numa camada que está constantemente em movimento. A atividade mucociliar, ciclos respiratórios normais, e tosse são os mecanismos primários de remoção de secreção do pulmão. A tosse e a expectoração de muco são os sintomas mais conhecidos nos pacientes com patologias pulmonares. Dizem ainda que a efetividade da transmissão de energia depende da velocidade do gás e da espessura da camada de muco, sendo mais eficiente em camadas finas. A compressão das vias aéreas, durante a manobra de expiração forçada, auxilia na eliminação do muco, da mesma forma que a tosse.

Lopes et al.2 relatam que o primeiro mecanismo de defe­sa do aparelho respiratório, o mecânico, inicia-se nas narinas que impedem, através dos cílios e do turbilhonamento aéreo, a passagem de micro-organismos, seguidos do fechamento da glote. Quando essa ati­tude defensiva mais imediata do aparelho respiratório não é capaz de deter o agente infeccioso, tornam-se importantes outros meios, incluindo a filtração aerodinâmica e o transporte mucociliar.

Abreu et al.13 dizem que a compressão torácica é uma técnica que consiste na compressão realizada na parede torácica durante a fase expiratória do ciclo ventilatório de forma relativamente brusca objetivando a formação de fluxo turbulento por aceleração do fluxo expiratório intrapulmonar, objetivando a mobilização de secreções, listando assim como uma técnica respiratória de higiene brônquica.

Bezerra e Gusmão10 afirmam que a fisioterapia respiratória tem como objetivo básico a depuração brônquica e a desinsuflação pulmonar através de técnicas específicas, como o aumento de fluxo expiratório. Dizem ainda que não está claro na literatura se o benefício dessa técnica deve-se ao aumento do fluxo expiratório ou a outros fatores decorrentes da compressão torácica e/ou toracoabdominal.

Brito et al. afirmam que durante a tosse de indivíduos normais, a faixa de normalidade de taxa de fluxo expelida varia entre 360 a 1.200 L/min.

Kang e Bach, afirma também em seu estudo que o volume médio de ar expelido por tosse em um indivíduo normal é de aproximadamente 360 a 1.200 L/ min.

A análise dos dados coletados demonstrou que as diferentes manobras de compressão torácica passiva em homens saudáveis não foram significativas, comparado a taxa de normalidade do volume médio de ar expelido em uma tosse.

5-Conclusão

A literatura se mostra muita escassa na determinação dos valores normais de tosse. Notou-se que as técnicas de compressão brusca do tórax obtiveram valores inferiores a taxa de normalidade do volume médio expelido em tosse.

Propõe-se a realização de novos estudos acerca das manobras de compressão torácica em indivíduos sadios a fim de se investigar o seu efeito como terapia de higiene brônquica e na obtenção de valores de fluxo de ar expelido nas técnicas comparando aos valores normais de tosse.

 Referências

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  • Bezerra G K A; Gusmão A Q L P; Efeitos da manobra de aumento do fluxo expiratório sobre o pico de fluxo expiratório em indivíduos sadios; Revista Brasileira de Ciências da Saúde (2010).
  • Lobato M L B; Neri M S; Aceleração de fluxo expiratório em pediatria: Uma revisão sistemática; Universidade da Amazônia (2006).
  • III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica; Fisioterapia no paciente sob ventilação mecânica (2007)
  • Abreu L C; Pereira V X; Valenti V E; Panzarin S A; Filho O F M; Uma visão da pratica da fisioterapia respiratória: ausência de evidencia não é evidencia de ausência; Arq Med ABC 32(Supl. 2):S76-8. 2007
  • Avena K M; Duarte A C M; Cravo S L D; Soluguren M J J; Gastaldi A D; Efeitos da tosse manualmente assistida sobre a mecânica do sistema respiratório de pacientes em suporte ventilatório total; J Bras Pneumol. 2008; 34(6):380-386.

 

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